Supermercado, combustível, frete e cadeia industrial são prejudicadas por altas sucessivas do petróleo e da moeda americana, trazendo à tona, novamente, a inflação
O cenário de inflação e carestia nos preços dos produtos se espalha por todos os países. A pandemia da Covid-19, que praticamente paralisou toda a população mundial em 2020 já havia deixado marcas profundas de recessão no mundo. Agora, em 2022, a guerra na Ucrânia acentuou esta crise, refletindo diretamente em commodities, como o petróleo, isso porque, a Rússia é uma das maiores exportadoras de petróleo no mundo e os países da OTAN aplicaram sanções econômicas à Rússia.
O barril de petróleo, que chegou em março de 2022 a um patamar de 140 dólares, o valor mais alto desde 2008, vem recuando dia a dia, motivado pela forte crise internacional, sendo cotado no final de julho por cerca de 100 dólares e, no mercado futuro, para outubro, entre 95 e 99 dólares.
Mas, a alta em 2021 e início de 2022, aliado à guerra na Ucrânia, gerou uma onda de inflação em nível mundial. Como toda a cadeia produtiva, em especial no Brasil, depende do combustível fóssil e do transporte rodoviário para escoar a produção, foi impossível segurar o preço do frete. Com isso, setor industrial e de abastecimento, como o alimentício, não tiveram como manter o preço dos seus produtos.
Outro agravante é a dependência do mercado chinês para os insumos e matérias-primas. Como o governo da China vem impondo restrições à exportação e política de Covid Zero, com constantes lockdowns, há falta generalizada de itens e componentes industriais, gerando escassez de produção, atraso na entrega e aumento no preço destes insumos.
Outro gatilho inflacionário, a cotação do dólar bateu recordes em 2022. No entanto, está em tendência de queda há alguns dias, fechando próximo de R$ 5,20 em 28 de julho. A cotação mais alta registrada da moeda americana no Brasil foi em janeiro, quando chegou à cotação de R$ 5,50.
Mesmo com o indicativo de queda, o seu patamar ainda está muito alto e impacta diretamente na economia brasileira, já que grande parte da matérias-primas das indústrias são compradas em dólar e a gasolina brasileira tem o valor de venda ao consumidor atrelado à moeda internacional.
Segundo o IBGE, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que engloba uma parcela maior da população, apontando a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos, indicou em junho inflação de 0,67%, com o acumulado nos últimos 12 meses de 11,89%.
Os aumentos são visíveis diariamente, principalmente, nos supermercados. No entanto, no setor industrial, com a alta dos fretes alavancada pelos sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis, o repasse no valor dos produtos industriais torna-se inevitável aos consumidores e empresas.
A Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) já havia, em março, aumentado o valor do frete com uma variação de 11% a 14%, conforme os parâmetros envolvidos, como tipo de carga, número de eixos do veículo, distância do deslocamento e as particularidades da operação, que também são consideradas no custo do frete.
Para as empresas que dependem de produtos importados via transporte marítimo, o impacto da pandemia e o lockdown, sobretudo na China, elevaram em 2020 o preço do frete marítimo em quase 500%, iniciando em 2022 com um custo 4,7 vezes maior, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria. Para se ter uma ideia do tamanho do impacto no custo, 90% de todo o comércio internacional depende do transporte via navios cargueiros.
Portanto, quem acaba pagando a conta é a população e as empresas que dependem de produtos e serviços de outros negócios para a sua atividade, já que, infelizmente, não tem como os setores da indústria, comércio e serviços manterem os valores dos seus produtos diante tamanha alta de preços e custos.
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